Pastor estava no avião da Missão de Paz que cancelou pouso na capital haitiana no momento em que terremoto destruiu o país
Fernanda Alves
Porto Príncipe - "Foi um livramento de Deus”. Esta é a explicação do fuzileiro naval André da Silva Pinto, 39 anos, para o que aconteceu a ele e mais 130 militares — integrantes da Missão de Paz do Brasil —, que estavam a caminho do Haiti no último dia 12. O voo, que tinha previsão para aterrissar em Porto Príncipe às 20h, horário em que o país foi atingido pelo terremoto, atrasou, e todos escaparam do risco de morrer. André, militar e pastor da Igreja Assembleia de Deus Ministério Reviver, não tem a menor dúvida de que presenciou um milagre.
No momento em que o piloto avisou que não seria possível descer, devido ao tremor, ele estava orando. Com livro religioso nas mãos, lembra de ter lido a frase ‘Deus está perto de ti e quer te tocar’ segundos antes. “Estava me avisando. Quanto terminei de escutar o piloto, me juntei com outros três amigos evangélicos que estavam no avião e oramos. Pedimos proteção para quem estava no Haiti”, lembra André.
>>Resgate e ajuda dos países ao Haiti
Eles desembarcaram na República Dominicana e depois pegaram um avião de volta para o Brasil. Passaram a noite em Boa Vista, Roraima, e só na manhã seguinte o sargento da Marinha descobriu a extensão do desastre no Haiti. “Não pensei que o terremoto fosse tão forte e que tivesse causado tanto estrago. Quando vi pela televisão as imagens da tragédia percebi que Deus tinha me salvo”, conta o pastor, que voltou ao Rio quarta à noite.
Em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, a mulher de André aguardava, desesperada, por notícia. “Deixei ele no aeroporto e vim para a casa. Quando já estava dormindo, minha mãe me ligou e contou o que tinha acontecido. Comecei a chorar e só parei quando escutei sua voz no telefone”, descreve a fotógrafa Andréa Batista Tavares, 39.
Uma pergunta, no entanto, não sai da cabeça do pastor: por que Deus salvou a sua vida? “Isso eu ainda não sei, mas acredito que tenho uma missão aqui. Ele me trouxe de volta para Rio de Janeiro por algum motivo. Acredito que seja para contar aos meus irmãos o milagre que vivi”, teoriza.
Com a sensação de que nasceu de novo, André não está com medo de ir para o Haiti novamente. “Estou contando os dias ansioso. As malas já estão até prontas”, garante ele, que se ofereceu como voluntário para fazer parte da Missão de Paz e se preparou por seis meses para o trabalho.
Brasileiro ficou 5 horas soterrado
Em vídeo dos militares feridos no Haiti, o tenente-coronel Alexandre Santos contou que ficou soterrado 5 horas. “Só mexia os braços, parte do antebraço e a cabeça”, disse ele, salvo após pedir ajuda em inglês e espanhol. O cabo Luis Paulo de Chagas Lima achou que fosse bomba. “A parede abriu. Chegou a cair um ar-condicionado no meu rosto e caí”.
Post Original: http://odia.terra.com.br/portal/mundo/html/2010/1/militar_conta_como_escapou_da_tragedia_em_porto_principe_59135.html
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