segunda-feira, 16 de julho de 2012

Evangélicos crescem mais de 60% e revolucionam crença religiosa brasileira


Está em curso uma revolução na crença religiosa dos brasileiros. A mais nova pesquisa IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que o número de evangélicos aumentou mais de 60% em apenas uma década no Brasil. Um crescimento que está transformando o País, até então conhecido como a maior nação católica do mundo.

Os evangélicos lotam as igrejas em todo Brasil. São fervorosos. Enfrentam qualquer obstáculo em nome da fé. Não hesitam em fazer longas caminhadas ou até utilizar barcos para chegar às igrejas. São os protagonistas de uma transformação histórica no Brasil. Pessoas como Vera Lúcia, que há nove anos frequenta a igreja Presbiteriana Renovada, no bairro de Engenheiro Marsilac, no extremo sul de São Paulo. Para chegar à igreja, a família percorre a pé duas vezes por semana 5 km de distância, num trajeto acidentado e que passa por uma linha do trem. No percurso, Vera ganha a companhia da amiga Marinalva e todos vão cantando.

Uma hora depois são recebidas pelo pastor e estão prontas para mais um dia de devoção. A pergunta é, vale todo esse esforço? Vera tem certeza que sim.

Os dados do IBGE mostram que Vera e a amiga Marinalva não estão sozinhas. Elas fazem parte de uma realidade que vale para todo Brasil. O estudo mostra que o número de evangélicos cresce de forma acelerada. Em apenas uma década, a população evangélica teve um acréscimo de 16 milhões de pessoas. E a projeção é de que o número de evangélicos ultrapasse o de católicos nos próximos 30 anos.

Veja os números do crescimento: em 2.000, os evangélicos eram 15,4% da população. Em 2010, chegaram a 22,2%. Ou seja, foram de 26 milhões para 42 milhões de pessoas, um aumento de 61%. Para Cláudio Crespo, pesquisador do IBGE, foi um crescimento bastante expressivo nas diversas regiões do País e presente em todas as camadas da sociedade.

Já o número de católicos caiu. Em 2.000, eles representavam 73,6% da população. O número caiu para 64,6% em 2.010, numa queda de 6,8 pontos percentuais. A história de dona Ieda Lamar ilustra bem a mudança na crença dos brasileiros. Ela mora em Brasília, mas nasceu na Bahia numa família tradicional. Aos 81 anos, com o apoio dos filhos, passou a frequentar a igreja Assembleia de Deus.

— Eu sou muito feliz lá. E eu sendo feliz lá, a minha felicidade se volta para a minha casa.

Eder, neto da dona Ieda, também seguiu o mesmo caminho e hoje, aos 21 anos, já é pastor.

— Hoje eu sei que Jesus foi um grande revolucionário. Foi uma pessoa que veio ao mundo e demonstrou através dos passos dele aquilo que a gente deve ser, mostrou o amor pelas pessoas.


O movimento evangélico surgiu há 500 anos na chamada reforma protestante, de Martinho Lutero. Eles contestavam tradições católicas da época. O movimento se espalhou pelo mundo e o resultado foi a divisão dos cristãos entre católicos e protestantes.

Atualmente os protestantes históricos mais conhecidos são os anglicanos, metodistas, presbiterianos, adventistas do sétimo dia e batistas. José Carlos da Silva é pastor da igreja Batista de Brasília. Para ele, o mais importante na fé dos evangélicos é a forma simples de manter contato com Deus. É como se existisse uma linha direta entre o fiel e Deus.

No início do século 20 surgiram outros dois grandes grupos religiosos: as igrejas pentecostais, como Assembleia de Deus, Congregação Cristã e Brasil para Cristo, entre outras e as neopentecostais como Internacional da Graça, Renascer em Cristo e Universal do Reino de Deus, entre outras. Fundada pelo bispo Edir Macedo, a Igreja Universal do Reino de Deus se tornou o grupo neopentecostal mais numeroso do Brasil e acaba de completar 35 anos.

A Universal é uma das igrejas que mais crescem no mundo. Já está presente em mais de 180 países. Os evangélicos acreditam que ajudar ao próximo os aproxima de Deus e por isso, investem muito em comunidades carentes e na recuperação de pessoas que vivem à margem da sociedade, como drogados, alcoólatras e moradores de rua. Outro aspecto marcante é o trabalho missionário em países pobres, como os da África.

Os dados do IBGE mostram que o número de evangélicos cresceu bastante na chamada nova classe média. Para o pesquisador Leonildo Campos isso aconteceu porque as igrejas evangélicas estimulam os fieis a progredir. Como explica Paula Monteiro, professora de Antropologia da USP (Universidade de São Paulo). 


— O fato das igrejas evangélicas estimularem o empreendedorismo, estimularem a formação das pessoas para o trabalho, valorizarem a riqueza, o cuidado de si é importante para as novas classes medias que estão emergindo no Brasil e que ganham ai um rumo de como se comportar, o que fazer da sua vida. 


O estilo de vida evangélico atrai também celebridades. Na lista estão o lutador de MMA, Vitor Belfort, a cantora Mara Maravilha, os sertanejos César Menotti e Fabiano, Joelma e Chimbinha da banda Calypso, e o jogador Kaká, entre muitos outros. 

As informações levantadas pela pesquisa mostram também um dado surpreendente. Hoje no Brasil, os evangélicos são maioria entre jovens e adolescentes. Segundo os especialistas, isso mostra que a tendência é que esse crescimento não pare por aqui. Estes jovens evangélicos formarão famílias e a possibilidade maior é que eles criem os filhos de acordo com o mesmo princípio.
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